Andava tranquilo pela rua, quando vi a criatura. Era um homem de estatura média, um pouco forte, bem vestido, alinhado, mas com andar um pouco despojado, e, no lugar de cabeça de gente, tinha cabeça de urubu. Esfreguei um pouco os olhos, mas ele não sumia. Estava ali. Parei na calçada e observei com certa cautela o que ele iria fazer. Olhei ao redor, as outras pessoas seguiam seus afazeres com naturalidade. Olhei mais atentamente para o sujeito, que parou em frente a um bar e ficou a procurar alguma coisa no bolso, antes de entrar. Dei dois passos em direção ao boteco, quando alguém me gritou. Depois de um tempo de sobressalto, pelo grito e pelo espanto do que tinha visto, atendi ao chamado.
É assim que Glauber Costa inicia sua fantástica fábula onde o Homem é o urubu do próprio Homem.
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